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Sempre me pedem para escrever sobre esse fármaco e aproveitei um estudo saindo do forno, publicado no Journal of Pediatrics desse mês, para dar minha opinião.

Me preocupo quando escuto de alguém, que o Montelucaste foi prescrito para aumentar a imunidade de uma criança que está tendo infecções de repetição. Cada dia é mais frequente esse relato na minha prática.

Naturalmente, na sanha de aplacar as angústias familiares com as tais ”escolites”, alguns colegas, até mesmo pressionados, preferem recorrer à facilidade de prescrever, do que a dificuldade de educar.

O Montelucaste é da classe dos antagonistas dos receptores dos leucotrienos e sua ação termina por bloquear alguns mecanismos da resposta alérgica. 
Leiam bem, ALÉRGICA!

Portanto, as diretrizes de tratamento de Asma (com melhor evidência) e Rinite Persistente (evidência mais fraca), o colocam como opção no tratamento de controle dessas doenças.

Porém, não há NENHUMA diretriz e NENHUM estudo que coloque o Montelucaste como opção para o tratamento de infecções recorrentes ou persistentes e é aí onde começa o problema com relação aos seus efeitos colaterais.

Como o uso indisciminado de uma droga, seus efeitos colaterais naturalmente também se ampliam. No caso do Montelucaste, que virou panacéia, sendo uma das drogas mais prescritas na área de doenças respiratórias pediátricas, acendeu a luz amarela nos orgãos de farmacovigilância, pelos relatos de possíveis efeitos neuropsiquiátricos associados ao seu uso.

Relatou-se até associação com ideação suicida e suicídios consumados.

No estudo de Glockler-Lauf et al, verificou-se um risco duas vezes maior de efeitos colaterais neuropsiquiátricos com o uso do Montelucaste, sendo ansiedade e distúrbios do sono o seu efeito mais comum e nenhum relato de efeito persistente ou grave.

Todos os casos melhoraram após a retirada da medicação, porém, o artigo termina em consonância com o alerta de 2014 do FDA, que fez constar em bula essa possibilidade e manter vigilância ativa desses efeitos.

O objetivo desse post não é causar nenhum pânico, mas sim apelar para uma prescrição mais responsável.
———————
#pediatradofuturo #pediatria #prevenção #asma #rinite

Sempre me pedem para escrever sobre esse fármaco e aproveitei um estudo saindo do forno, publicado no Journal of Pediatrics desse mês, para dar minha opinião. Me preocupo quando escuto de alguém, que o Montelucaste foi prescrito para aumentar a imunidade de uma criança que está tendo infecções de repetição. Cada dia é mais frequente esse relato na minha prática. Naturalmente, na sanha de aplacar as angústias familiares com as tais ”escolites”, alguns colegas, até mesmo pressionados, preferem recorrer à facilidade de prescrever, do que a dificuldade de educar. O Montelucaste é da classe dos antagonistas dos receptores dos leucotrienos e sua ação termina por bloquear alguns mecanismos da resposta alérgica. Leiam bem, ALÉRGICA! Portanto, as diretrizes de tratamento de Asma (com melhor evidência) e Rinite Persistente (evidência mais fraca), o colocam como opção no tratamento de controle dessas doenças. Porém, não há NENHUMA diretriz e NENHUM estudo que coloque o Montelucaste como opção para o tratamento de infecções recorrentes ou persistentes e é aí onde começa o problema com relação aos seus efeitos colaterais. Como o uso indisciminado de uma droga, seus efeitos colaterais naturalmente também se ampliam. No caso do Montelucaste, que virou panacéia, sendo uma das drogas mais prescritas na área de doenças respiratórias pediátricas, acendeu a luz amarela nos orgãos de farmacovigilância, pelos relatos de possíveis efeitos neuropsiquiátricos associados ao seu uso. Relatou-se até associação com ideação suicida e suicídios consumados. No estudo de Glockler-Lauf et al, verificou-se um risco duas vezes maior de efeitos colaterais neuropsiquiátricos com o uso do Montelucaste, sendo ansiedade e distúrbios do sono o seu efeito mais comum e nenhum relato de efeito persistente ou grave. Todos os casos melhoraram após a retirada da medicação, porém, o artigo termina em consonância com o alerta de 2014 do FDA, que fez constar em bula essa possibilidade e manter vigilância ativa desses efeitos. O objetivo desse post não é causar nenhum pânico, mas sim apelar para uma prescrição mais responsável. ——————— #pediatradofuturo #pediatria #prevenção #asma #rinite